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 Os Sentimentos de Ulquiorra

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Rukia-nee-san
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Os Sentimentos de Ulquiorra Empty
MensagemAssunto: Os Sentimentos de Ulquiorra   Os Sentimentos de Ulquiorra Icon_minitimeSeg 21 Jul 2014 - 18:25



Capítulo 17- Meia Hora

Mundo Real

Já estava a escurecer e os amigos de Orihime tiveram de ir embora. Ela despediu-se deles com um sorriso. E foi ter com Ulquiorra que estava a olhar a lua pela janela, distraído. Ela reparou na mudança do espada. Estava distante, demasiado pensativo.

Ela aproximou-se dele sem chamar a atenção, abraçando-o pelas costas e depositando um beijo na sua nuca.

– O que aconteceu Ulqui-kun? Não digas que não aconteceu nada… – Vendo que ele ia dizer algo, adivinhou as suas palavras- Eu reparei que tu ausentaste-te num determinado momento, e segundos depois a Kuchiki-san ficou apreensiva. Estava sempre a olhar para uma direcção… De onde vinha a reiatsu do Kurosaki-kun.

Ulquiorra fechou os olhos com força. Ela sabia. Não adiantava negar, ela queria saber o que eles conversaram. Não deixou de ficar um pouco surpreso, ela não estava chateada nem algo do género. Muito pelo contrário, estava descontraída e atenciosa.

Ela era sempre assim mas não esperava que neste momento ela também o fosse… Afinal ele omitiu que esteve a falar com o shinigami. Esperava uma atitude diferente por parte dela. Elasempre o surpreendia. O quarto espada sorriu de canto com o seu próprio pensamento.

– Ele queria vir falar contigo para se desculpar e eu não permiti. Sei que não tinha esse direito, tu é que decides se o deves ou não desculpar. Mas estavas bem com os teus amigos não queria que a conversa dele estragasse tudo… E de certeza que iria estragar o ambiente.

– É, nisso tens razão… Se ele tivesse aparecido, iria ficar tudo arruinado. Mas se ele me procurou para falar acho que não custa nada escutar…

– Ele não te ouviu onna.

– Quando queremos mostrar que somos superiores, temos de aprender a fazer coisas boas aos outros Ulqui-kun, mesmo quando eles não as merecem.

O espada não gostava do rumo da conversa, sabia onde iria dar. Não era uma questão de ciúmes… Mas ele sabia muito bem que se a conversa não corresse bem, o estado em que ela ficaria. Era isso que temia.

Estava de braços cruzados, tentava-se acalmar. Sentiu ela a descolar das suas costas e pela sua visão periférica, olhou para trás. Viu o seu olhar determinado. Ela iria mesmo com aquilo até o fim?

Suspirou. Não adiantava, ela iria falar com ele. Só poderia ter esperanças que não ocorresse nada de errado.

– Se ele te machucar, não quero saber de guerras nem nada, eu mato-o. E aí nem tu me impedes Hime. – Olhou sério para ela, não estava a brincar quando dizia aquilo.

Ela chegou-se ao pé dele, e com a sua mão direita levou os cabelos negros rebeldes para trás da orelha do espada. Sorriu serenamente para ele.

– Não te preocupes. Tenho a certeza que desta vez tudo irá correr bem. Eu vou a casa da família Kurosaki para conversar com ele e resolver este problema. – Ele não gostou nem um pouco dessa ideia, iria começa a protestar e a dizer que ele iria com ela, mas ela foi mais rápida- Não Ulqui-kun, eu vou sozinha. Este problema é meu, tenho de ser eu a resolvê-lo. Não podes fazer isso por mim. Peço-te que me compreendas e que não fiques zangado. – Ele fechou os olhos e acenou. Iria fazer o que lhe pedira. Ulquiorra aproximou-se dela e beijou-lhe tenramente a sua testa. Permaneceu nessa posição alguns minutos, como se pedisse internamente que ela voltasse bem.

– Dou-te meia hora para voltares. Se dentro desse tempo não estiveres aqui, eu vou buscar-te.

Orihime deu um último sorriso e desapareceu no sonido. Sabia como o arrancar era pontual e levava a sua palavra a sério. Ela teria de despachar-se.

Kurosaki Ichigo estava sozinho no quarto. A sua família e a Rukia, que chegara há pouco tempo, estavam a jantar tranquilamente. Não sentia fome. Com toda esta confusão perdera o apetite.

Remexia nos seus cabelos rebeldes, pensativo. As palavras do quarto espada não saíam da sua cabeça. Só conseguia pensar no quão baka havia sido. A Rukia passava a vida a chamá-lo de idiota e agora via que ela tinha razão.

Estava imerso nos seus pensamentos quando sentiu uma brisa penetrar no local e umapresença instalou-se no local.

Estes shinigamis! Nunca respeitavam a sua privacidade. Odiava que entrassem pela janela do seu quarto. Mas os shinigamis sempre ignoravam as suas reclamações. Olhou para cima, rabugento. Iria começar a reclamar quando por fim notou quem estava na sua frente.

– I..nou…e? – Estava atônico com a sua visita. Não a esperava ver e muito menos que fosse ela que o procurasse. Ele parecia que estava a ver uma assombração.

– Hai, desculpa invadir o teu espaço, Kurosaki-san. – Ela falava formalmente, já imaginava uma reacção assim por parte dele. No lugar dele, também o estaria.

O shinigami não deixou de reparar na forma como ela o tratará, com severidade. Doeu. Mas não quis passar uma impressão errada, como se a sua presença o incomodasse.

– Nada disso Inoue, não tem qualquer problema… Só, só não te esperava ver aqui. Não que a tua presença me desagrade! Não é nada disso, só estou surpreso… Mas isso não quer dizer que eu não quei…– Foi interrompido por uma leve gargalhada da mulher. Essa desarmou-o completamente. Não esperava que ela risse para ele como se nada entre eles tivesse acontecido, ficou atordoado.

– Gomen, gomen Kurosaki-kun – Ela limpava as pequenas lágrimas que estavam no canto do olho, ainda com um pequeno sorriso no rosto- Não devia rir assim de ti, é falta de educação. Só achei cómico a forma como ficaste nervoso. E balançavas as mãos tentando explicar-te – Logo, se recompões e voltou à sua postura de anterior. Ichigo não gostou nada disso, ele queria ter uma conversa agradável e pelos vistos isso não seria tão fácil. – Eu sei que o Ulquiorra não permitiu que fosses falar comigo, espero que não o leves a mal. Ele só estava preocupado comigo.

– Eu sei Inoue, seria muito injusto se estivesse chateado com ele. Nem tu, nem ele merecem aquilo que eu fiz. Bem ele talvez um pouco…– Fez cara emburrada, lembrando como o espada sempre o chamara de fraco e inútil.

– Compreendo que não seja fácil para nenhum dos dois… Mas eu não quero mais brigas e por isso vim procurar-te e tentar acalmar as coisas. Sei também como os nossos amigos estão a sofrer, e eu só quero acabar com isso…– Ela parou de falar de repente. Estava pasma. Era impressão sua ou ele estava a rir? Estaria a fazer pouco dela? Talvez o Ulqui-kun estivesse certo e não devia ter vindo. O arrependimento já estava a começar a fazer-se presente.

– Não devias estar aqui Inoue. Não depois do que eu te disse… Eu é que devia ter-te procurado e sim eu fiz isso, mas talvez eu tivesse fugido antes de bater na tua porta. Não deves falar como se fosses tu que tivesse de pedir desculpa. Não troquemos de lugar, se há alguém que deve pedir desculpa esse sou eu… Perdoam-me Inoue. Fui um péssimo amigo e quebrei a minha promessa de te proteger. – As lágrimas corriam livremente na face do shinigami, ela ficou perplexa pela declaração dele. Não deixou de emocionar-se. Ele estava de cabeça para baixo, não se dignava a olhar nos olhos dela. Faltava-lhe a coragem.

Ela abaixou-se na sua altura e limpou as lágrimas do shinigami.

– Não vou mentir Kurosaki-kun, as tuas palavras magoaram-me muito… Deixaram marcas muito profundas para serem esquecidas. – Ela falava tristemente e isso entristeceu ainda mais Ichigo, as esperanças de que um dia ela o perdoasse estavam cada vez mais pequenas- Por muito amigos que sejamos, vai haver sempre algo entre nós. Mas farei de tudo para esquecer essa mágoa. Por nós, pelos nossos amigos. Eu quero voltar a ser tua amiga Kurosaki-kun. – Ela sorriu para ele, que não deixou de retribuir. – Vamos começar do zero?

Ele abraçou forte amiga, transmitia toda a gratidão por ela. Agradecia aos céus por estaoportunidade, nem louco a desperdiçaria. Ele afastou-se um pouco dela e sussurrou para ela:

– Estão a observarmos e se não me afastar agora ele pode matar-me. O Ulquiorra é sempre assim tão ciumento?

Orihime riu com o seu comentário. Também já tinha percebido a presença no espada a vigiá-los. Afastando-se lentamente do shinigami, com um belo sorriso, limitou-se a responder.

– A meia hora já passou.




Capítulo 18- Verdade ou Consequência?

Estava um dia chuvoso na cidade de Karakura. Na casa da família Kurosaki todos estavam felizes pela reconciliação de Ichigo e Orihime. Até a Rukia para recompensá-lo deixou de implicar tanto com ele.

Estava um dia belo. Não a nível de meteorologia, mas a felicidade era tanta que tornara o dia perfeito.

Ichigo e Rukia conversavam animadamente, mas de repente surgiu uma dúvidaesmagadora na pequena shinigami, acabando por ficar deprimida. Apesar de tentar disfarçar. O substituto de shinigami conheci-a demasiado bem para não perceber.

– Rukia o que tens? Antes estavas tão animada por eu ter feito as pazes com a Inoue e agora estás com essa cara de enterro. – Ele realmente estava muito preocupado e o silêncio dela só piorava as coisas. – Vá lá, Rukia! Tu sabes que podes contar comigo, somos amigos não é? – As palavras dele só pioravam o estado da mulher de cabelos negros. Não aguentou mais e começou a chorar.

Ichigo estava assustado. Porque ela chorava agora? Sentia-se mal por não saber o que fazer. Queria reconforta-la mas não sabia como. Ele abraçou-a e deixou que ela chorasse o que precisasse no seu ombro. Quando ela se acalmou, afastou-se lentamente do ruivo e retribui-lhe com um belo sorriso.

– Gomenasai, estou emocionada com esta história toda. Fico muito feliz por vocês os dois. – Ela mentia. Descaradamente. Estava feliz por eles, isso é certo. Mas temia que ele amasse a mulher ruiva. Sentia-se inferior, afinal o que ela tinha comparado à outra? Esses pensamentos diminuíam e apertavam o seu coração. Conteu as lágrimas. Não podia chorar, não podia ser egoísta. Tinha que estar feliz pelos seus amigos.

Ichigo não gostara da resposta, sentiu que algo não estava bem. Mas decidiu ignorar.Afinal o que mais poderia ser? Continuaram a falar, esquecendo o episódio anterior.

Kurosaki estava pensativo. Neste momento estava deitado na sua cama enquanto a shinigami foi à cozinha beber água. Tinha vontade de partir tudo o que parecia à sua frente. Não percebia como não conseguia esquecer aquele abraço, o cheiro dela, o calor do seu corpo… Levantou-se de repente e deu um soco na parede. Ficou um pequeno buraco. Mas isso não pareceu afetá-lo minimamente. Como tirá-la dos seus pensamentos? Estava farto daquilo.Estaria ele apaixonado?

Obviamente sim. E isso era o que mais o irritava. Ele não seria correspondido. Ela tinha a sua vida na Soul Society. Tinha uma vida feliz com o seu irmão mais velho e… Renji. Ele amava-a. E ela pareceu sempre gostar dele também. Levou a mão aos cabelos e puxou-os.

Imaginá-los juntos, a sorrirem… Era uma dor no seu peito que o torturava lentamente.

Rukia entrou no quarto e ficou pálida com o que viu. Ichigo estava com um punho cerrado a sangrar, os olhos fechados como tentando conter a sua raiva e a outra mão nos cabelos agarrando-os. Ela foi ter com ele e quando tocou no seu ombro, assustou-se, ele tirou a sua mão bruscamente dele e olhou-a revoltado.

Ela não percebia o que aconteceu. Estava a tentá-lo ajudar sabe lá no quê e ele ainda a tratava mal? Sentiu os olhos começarem a marejar mas conteve as lágrimas.

– É tudo culpa tua!– Ele gritava a plenos pulmões, queria desabafar com a única que o poderia compreender, que o poderia ajudar. Queria lançar fora todo aquele sentimento- Por tua causa estou assim. O que tu me fixes-te? O quê? Porque tiveste de fazer isto? Não entendes o meu sofrimento ao saber que amo algo que nunca poderei ter!? É tudo culpa tua…– Repetiu a última frase baixo, disse mais para si do que para ela.

Rukia chorava. Não conseguia evitá-las. O que ela fez para ele estar assim? Devia ter sido algo muito mau mesmo… Nunca o vira assim. Nem mesmo pela situação da Orihime-chan. Sentia-se a mais. Que não pertencia àquele mundo, àquela casa e àquela família. Ela estaria sempre a mais. Ele tem a sua própria vida, e nesta não havia espaço para ela. Tinha que aceitar a realidade.

Correu. Saiu daquela casa. Não se importou com a forte e intensa chuva. Era um consolo até. O dia condizia com o seu estado de espírito. O céu chorava com ela. Sentia o coração desfazer-se. Amava um humano. Era inadmissível. Ela não podia ter uma vida com ele, não seria justo. Ele merecia algo melhor do que uma mulher morta.

Acabou por escorregar e caiu de joelhos. Raspou os joelhos mas não se importava. A dor do seu coração continuava a ser muito superior. Levantou-se e retomou à corrida. Queria sumir, ficar o mais distante possível dele. Talvez assim ele tivesse sossego na sua vida. Tudo era culpadela. Se ela não lhe tivesse dado os poderes de shinigami, ele não teria de lutar e sacrificar a sua vida todos os dias… Podia viver com um humano normal. Apesar de ele não ser normal.Ele era especial.

Ichigo procurava a Rukia, tentava localizá-la pelo seu poder espiritual. Mesmo assim não era fácil, a sua visão estava turva por causa da chuva. O facto de não ver direito o caminho, prejudicava a sua velocidade, com isso demorava mais tempo para a encontrar.

Ele não queria ter sido rude. Só quis desabafar… Queria colocar todo aquele sentimento na mesa de uma vez por todas. Se tivesse soado mais calmo, até seria um momento romântico.Mas percebeu tarde o seu erro. Ela já havia fugido. Droga. Parece que ultimamente ele tem percebido as coisas tarde demais. Não. Ainda não era tarde demais.

Ele encontrou a baixinha sentada ao pé da margem do rio. Não evitou sorrir. Só umadoida para ir para o rio quando chove torrencialmente. Aproximou-se dela devagar e quando estava a cinco centímetros dela, ela finalmente nota a sua presença.

Ergueu-se e ia preparar-se para fugir outra vez. Não o podia ver. Não agora. Mas Ichigo fora mais rápido a agarrou-a pelo braço, impedindo-a de escapar. Ela olhou para ele e ia pedir que a soltasse mas o olhar dele a deteve. Os seus olhos castanhos transmitiam algo que ela nunca viu, ou nunca reparou. O que era aquilo? Carinho? Sentia que era algo a mais, mas abanou a cabeça para afastar esses sentimentos. De certeza que eram ilusões da sua cabeça, mais uma das partidas do seu coração, para a tentar enganar. Para a fazer sofrer.

Mas o que Rukia não sabia é que o coração nunca nos engana.

– Rukia. Desculpa ter sido grosseiro contigo, não queria ter gritado mas tive de desabafar. Colocar para fora o que eu sentia. Eu queria fazer algo como se vê nos filmes mas não tenho talento ou paciência para isso. Tentei fazer um belo discurso… Mas quanto mais falava o que sentia, mais ridículo me parecia. Pensei em várias coisas mas o facto é que nenhuma me agradou. E sabes porquê? – Rukia tinha a sua melhor cara de confusão, não percebia nada do que ele estava a dizer. Mas mesmo assim fez “não” com a cabeça. Ele prosseguiu.- Porque nada dessas coisas condiz comigo. Portanto pensei em algo que fizesse o meu género…

– Ichigo do que raio estás a falar? Não estou a perceber nem uma palavra do que dizes.– Rukia já estava sem paciência. Não entendia a intenção daquele monólogo do ruivo. Estava cada vez mais confusa e isso a estava a irritar a sério.

– Certo. Então irei simplificar as coisas. Verdade ou consequência?

– Ham? Ichigo a que vem isto agora?

– Só escolhe, estou a jogar o tudo por tudo, e promete que não me bates no acto.

– Hum– Ela ficou pensativa, ficara curiosa qual seria a atitude do rapaz, além do mais ela era mulher de agir, não era muito dada a palavras, e aí lembrou-se das palavras dele, optou por escolher algo que seria do seu estilo- Consequência.

Ichigo sorriu abertamente com a resposta. Não pensou duas vezes. Agarrou com mais força no braço dela e puxou-a para si, capturando de imediato os finos lábios róseos.

A shinigami tinha os olhos abertos. Não acreditava no que ele fazia. Mas logo deixou de pensar e entregou-se ao beijo. Tinha que pôr-se em bicos de pés para conseguir corresponder ao beijo. Porque se apaixonara também por um homem tão alto? Não podia ser mais baixo?

As mãos femininas percorriam o peitoral do rapaz, enquanto ele tinha as mãos fixas na sua cintura fina. Ambos renderam-se à paixão do beijo molhado. A chuva dava um ar mais romântico à cena. As roupas molhadas faziam o desejo aumentar gradualmente. A necessidade de terem-se um ao outro passou a ser uma prioridade.

Tiveram de afastar-se em busca de ar. Contudo não desuniram os corpos, estavam muito próximos. O olhar entre eles era penetrante. Rukia não evitou ruborizar sobre um olhar tão aguçado do ruivo. Ele gargalhou com a atitude dela.

– E se eu tivesse escolhido verdade? – Ela não pode deixar de perguntar, estava excêntrica para saber o que o rapaz ia dizer. Uma parte de si, sabia o que ele diria mas temia que isso fosse esperanças vãs.

– Tentaria dizer de alguma forma que tu entendesses que te amo baixinha. – Ichigo sentia-se realizado, completo. Nunca pensou que tivesse coragem para fazer o que fez ou de dizer tão abertamente o que sentia.

Os olhos da morena cintilavam. Ela nunca esperou ouvir isso dele. Logo dele! Sentia vontade de saltar, abraçá-lo e beijá-lo. Sentir toda aquela misturas de sensações de novo. E não conteve a sua vontade durante muito tempo.

– És muito lento… Pensei que nunca o dirias, baka. Eu amo-te demais!

Ela não disse nada que ele já não soubesse. Não se vangloriava. Mas era a única explicação por ela ter correspondido com tanto amor. Ela era incrível! Aquela baixinha fazia grandes coisas com ele.

Entregaram-se ao sentimento, selando por fim o seu amor. Não havia dúvidas. Não existia Orihime ou Renji, só eles os dois. E será sempre assim.



Capítulo 18- Verdade ou Consequência?


Estava um dia chuvoso na cidade de Karakura. Na casa da família Kurosaki todos estavam felizes pela reconciliação de Ichigo e Orihime. Até a Rukia para recompensá-lo deixou de implicar tanto com ele.

Estava um dia belo. Não a nível de meteorologia, mas a felicidade era tanta que tornara o dia perfeito.

Ichigo e Rukia conversavam animadamente, mas de repente surgiu uma dúvidaesmagadora na pequena shinigami, acabando por ficar deprimida. Apesar de tentar disfarçar. O substituto de shinigami conheci-a demasiado bem para não perceber.

– Rukia o que tens? Antes estavas tão animada por eu ter feito as pazes com a Inoue e agora estás com essa cara de enterro. – Ele realmente estava muito preocupado e o silêncio dela só piorava as coisas. – Vá lá, Rukia! Tu sabes que podes contar comigo, somos amigos não é? – As palavras dele só pioravam o estado da mulher de cabelos negros. Não aguentou mais e começou a chorar.

Ichigo estava assustado. Porque ela chorava agora? Sentia-se mal por não saber o que fazer. Queria reconforta-la mas não sabia como. Ele abraçou-a e deixou que ela chorasse o que precisasse no seu ombro. Quando ela se acalmou, afastou-se lentamente do ruivo e retribui-lhe com um belo sorriso.

– Gomenasai, estou emocionada com esta história toda. Fico muito feliz por vocês os dois. – Ela mentia. Descaradamente. Estava feliz por eles, isso é certo. Mas temia que ele amasse a mulher ruiva. Sentia-se inferior, afinal o que ela tinha comparado à outra? Esses pensamentos diminuíam e apertavam o seu coração. Conteu as lágrimas. Não podia chorar, não podia ser egoísta. Tinha que estar feliz pelos seus amigos.

Ichigo não gostara da resposta, sentiu que algo não estava bem. Mas decidiu ignorar.Afinal o que mais poderia ser? Continuaram a falar, esquecendo o episódio anterior.

Kurosaki estava pensativo. Neste momento estava deitado na sua cama enquanto a shinigami foi à cozinha beber água. Tinha vontade de partir tudo o que parecia à sua frente. Não percebia como não conseguia esquecer aquele abraço, o cheiro dela, o calor do seu corpo… Levantou-se de repente e deu um soco na parede. Ficou um pequeno buraco. Mas isso não pareceu afetá-lo minimamente. Como tirá-la dos seus pensamentos? Estava farto daquilo.Estaria ele apaixonado?

Obviamente sim. E isso era o que mais o irritava. Ele não seria correspondido. Ela tinha a sua vida na Soul Society. Tinha uma vida feliz com o seu irmão mais velho e… Renji. Ele amava-a. E ela pareceu sempre gostar dele também. Levou a mão aos cabelos e puxou-os.

Imaginá-los juntos, a sorrirem… Era uma dor no seu peito que o torturava lentamente.

Rukia entrou no quarto e ficou pálida com o que viu. Ichigo estava com um punho cerrado a sangrar, os olhos fechados como tentando conter a sua raiva e a outra mão nos cabelos agarrando-os. Ela foi ter com ele e quando tocou no seu ombro, assustou-se, ele tirou a sua mão bruscamente dele e olhou-a revoltado.

Ela não percebia o que aconteceu. Estava a tentá-lo ajudar sabe lá no quê e ele ainda a tratava mal? Sentiu os olhos começarem a marejar mas conteve as lágrimas.

– É tudo culpa tua!– Ele gritava a plenos pulmões, queria desabafar com a única que o poderia compreender, que o poderia ajudar. Queria lançar fora todo aquele sentimento- Por tua causa estou assim. O que tu me fixes-te? O quê? Porque tiveste de fazer isto? Não entendes o meu sofrimento ao saber que amo algo que nunca poderei ter!? É tudo culpa tua…– Repetiu a última frase baixo, disse mais para si do que para ela.

Rukia chorava. Não conseguia evitá-las. O que ela fez para ele estar assim? Devia ter sido algo muito mau mesmo… Nunca o vira assim. Nem mesmo pela situação da Orihime-chan. Sentia-se a mais. Que não pertencia àquele mundo, àquela casa e àquela família. Ela estaria sempre a mais. Ele tem a sua própria vida, e nesta não havia espaço para ela. Tinha que aceitar a realidade.

Correu. Saiu daquela casa. Não se importou com a forte e intensa chuva. Era um consolo até. O dia condizia com o seu estado de espírito. O céu chorava com ela. Sentia o coração desfazer-se. Amava um humano. Era inadmissível. Ela não podia ter uma vida com ele, não seria justo. Ele merecia algo melhor do que uma mulher morta.

Acabou por escorregar e caiu de joelhos. Raspou os joelhos mas não se importava. A dor do seu coração continuava a ser muito superior. Levantou-se e retomou à corrida. Queria sumir, ficar o mais distante possível dele. Talvez assim ele tivesse sossego na sua vida. Tudo era culpadela. Se ela não lhe tivesse dado os poderes de shinigami, ele não teria de lutar e sacrificar a sua vida todos os dias… Podia viver com um humano normal. Apesar de ele não ser normal.Ele era especial.

Ichigo procurava a Rukia, tentava localizá-la pelo seu poder espiritual. Mesmo assim não era fácil, a sua visão estava turva por causa da chuva. O facto de não ver direito o caminho, prejudicava a sua velocidade, com isso demorava mais tempo para a encontrar.

Ele não queria ter sido rude. Só quis desabafar… Queria colocar todo aquele sentimento na mesa de uma vez por todas. Se tivesse soado mais calmo, até seria um momento romântico.Mas percebeu tarde o seu erro. Ela já havia fugido. Droga. Parece que ultimamente ele tem percebido as coisas tarde demais. Não. Ainda não era tarde demais.

Ele encontrou a baixinha sentada ao pé da margem do rio. Não evitou sorrir. Só umadoida para ir para o rio quando chove torrencialmente. Aproximou-se dela devagar e quando estava a cinco centímetros dela, ela finalmente nota a sua presença.

Ergueu-se e ia preparar-se para fugir outra vez. Não o podia ver. Não agora. Mas Ichigo fora mais rápido a agarrou-a pelo braço, impedindo-a de escapar. Ela olhou para ele e ia pedir que a soltasse mas o olhar dele a deteve. Os seus olhos castanhos transmitiam algo que ela nunca viu, ou nunca reparou. O que era aquilo? Carinho? Sentia que era algo a mais, mas abanou a cabeça para afastar esses sentimentos. De certeza que eram ilusões da sua cabeça, mais uma das partidas do seu coração, para a tentar enganar. Para a fazer sofrer.

Mas o que Rukia não sabia é que o coração nunca nos engana.

– Rukia. Desculpa ter sido grosseiro contigo, não queria ter gritado mas tive de desabafar. Colocar para fora o que eu sentia. Eu queria fazer algo como se vê nos filmes mas não tenho talento ou paciência para isso. Tentei fazer um belo discurso… Mas quanto mais falava o que sentia, mais ridículo me parecia. Pensei em várias coisas mas o facto é que nenhuma me agradou. E sabes porquê? – Rukia tinha a sua melhor cara de confusão, não percebia nada do que ele estava a dizer. Mas mesmo assim fez “não” com a cabeça. Ele prosseguiu.- Porque nada dessas coisas condiz comigo. Portanto pensei em algo que fizesse o meu género…

– Ichigo do que raio estás a falar? Não estou a perceber nem uma palavra do que dizes.– Rukia já estava sem paciência. Não entendia a intenção daquele monólogo do ruivo. Estava cada vez mais confusa e isso a estava a irritar a sério.

– Certo. Então irei simplificar as coisas. Verdade ou consequência?

– Ham? Ichigo a que vem isto agora?

– Só escolhe, estou a jogar o tudo por tudo, e promete que não me bates no acto.

– Hum– Ela ficou pensativa, ficara curiosa qual seria a atitude do rapaz, além do mais ela era mulher de agir, não era muito dada a palavras, e aí lembrou-se das palavras dele, optou por escolher algo que seria do seu estilo- Consequência.

Ichigo sorriu abertamente com a resposta. Não pensou duas vezes. Agarrou com mais força no braço dela e puxou-a para si, capturando de imediato os finos lábios róseos.

A shinigami tinha os olhos abertos. Não acreditava no que ele fazia. Mas logo deixou de pensar e entregou-se ao beijo. Tinha que pôr-se em bicos de pés para conseguir corresponder ao beijo. Porque se apaixonara também por um homem tão alto? Não podia ser mais baixo?

As mãos femininas percorriam o peitoral do rapaz, enquanto ele tinha as mãos fixas na sua cintura fina. Ambos renderam-se à paixão do beijo molhado. A chuva dava um ar mais romântico à cena. As roupas molhadas faziam o desejo aumentar gradualmente. A necessidade de terem-se um ao outro passou a ser uma prioridade.

Tiveram de afastar-se em busca de ar. Contudo não desuniram os corpos, estavam muito próximos. O olhar entre eles era penetrante. Rukia não evitou ruborizar sobre um olhar tão aguçado do ruivo. Ele gargalhou com a atitude dela.

– E se eu tivesse escolhido verdade? – Ela não pode deixar de perguntar, estava excêntrica para saber o que o rapaz ia dizer. Uma parte de si, sabia o que ele diria mas temia que isso fosse esperanças vãs.

– Tentaria dizer de alguma forma que tu entendesses que te amo baixinha. – Ichigo sentia-se realizado, completo. Nunca pensou que tivesse coragem para fazer o que fez ou de dizer tão abertamente o que sentia.

Os olhos da morena cintilavam. Ela nunca esperou ouvir isso dele. Logo dele! Sentia vontade de saltar, abraçá-lo e beijá-lo. Sentir toda aquela misturas de sensações de novo. E não conteve a sua vontade durante muito tempo.

– És muito lento… Pensei que nunca o dirias, baka. Eu amo-te demais!

Ela não disse nada que ele já não soubesse. Não se vangloriava. Mas era a única explicação por ela ter correspondido com tanto amor. Ela era incrível! Aquela baixinha fazia grandes coisas com ele.

Entregaram-se ao sentimento, selando por fim o seu amor. Não havia dúvidas. Não existia Orihime ou Renji, só eles os dois. E será sempre assim.


Capítulo 19- Sacrifício

Mundo Real

Após a tempestade da noite passada, ninguém acreditava como a manhã podia estar tão bela. Ulquiorra e Orihime estavam acordados mas não tinham vontade de se levantar. Queriam continuar deitados, apreciando o abraço um do outro. Mas então...

– OEEEE, INOUEEE! Estás acordada? Abre a porta!

Mais uma vez os planos do quarto espada haviam ido por água abaixo. Ele não estava nem um pouco contente com isso. Agarrou-se ainda com mais força nela e não permitiu que a mesma se levantasse.

– Ignora onna. Finge que estás a dormir. Mais cedo ou mais tarde acabam por desistir.

– Ulqui-kun não sejas mau… Anda ver o que eles querem. – Orihime ria da birra de Ulquiorra. Este sentia uma vontade de matar o shinigami, e se não fosse por estar “bem disposto” já o teria feito.

– ULQUIORRA LARGA A INOUE! Deixa-a abrir a porta! Não penses que não sei que estão acordados! – Ichigo estava cada vez mais impaciente. Certo, podia ter aguardado um pouco mais e não ter ido à casa da amiga às sete horas da manhã, sem avisar! Mas este era um assunto de extrema importância.

Orihime estava corada da cabeça aos pés, e meio sem jeito foi vestir uma camisola de dormir. Enquanto o Ulquiorra levantava-se contrariado. Estava aborrecido pelo espetáculo do ruivo logo em plena madrugada. Vestiu umas calças quaisquer e dirigiu-se à entrada para abrir a porta. Quando abriu não se envergonhou por estar sem camisola. Era-lhe indeferente. Já não se podia dizer o mesmo de Rukia, que parecia um pimentão, ou Ichigo que estava muito envergonhado e nervoso ao saber que afinal eles estavam mesmo juntos. Ele tinha dito aquilo para irritar o espada e este abrir a porta, nunca pensou que fosse verdade. Mas era de esperarpela noite fria que esteve...

– ULQUIORRA! Por favor veste qualquer coisa!

– Qual o teu problema Kurosaki? Devias esperar algo do género, depois de seres intrometido. – Era claro o mau humor do moreno. Isso só deixava os outros dois mais encavacados do que já estavam. Não tinham intenção de interromper nada.

– Gomen Ulquiorra-san, não queríamos incomodar é só…– a Kuchiki tentou acalmar a fúria do espada mas não teve muito efeito, acabou por ser bruscamente interrompida.

– Então voltem para a vossa casa e deixem-nos em paz. –Ulquiorra fechou a porta na cara dos dois, que estavam incrédulos com a sua atitude. Ichigo ia começar a gritar de novo mas a porta foi novamente aberta.

Desta vez fora uma bela mulher ruiva que abrira a porta. Envergonhada e com um tímido sorriso.

– Ohayo! É sempre bom receber a vossa visita. Não liguem para o Ulqui-kun… Ele anda meio…. Digamos estressado, ultimamente. Vamos, entrem. - Ao passarem pela ruiva não deixaram de reparar nas leves manchas arroxeadas feitas recentemente no seu pescoço e o cabelo desarrumado. Coraram ainda mais se é que era possível.

Eles entraram na sala, onde Ulquiorra estava sentado no sofá com má cara. Eles por um momento arrepiaram-se de medo. Ulquiorra fuzilava o shinigami com o olhar por este ser uma vez mais inconveniente, por sua vez o ruivo fuzilava o espada pela atitude anterior de lhe fechar a porta enquanto falava. Ignorando-o.

Rukia e Orhime não sabiam o que fazer com aqueles dois. E logo Kuchiki lembrou-se do motivo de terem ido lá. Sorriu abertamente para Inoue e disse que tinha um pedido para lhe fazer a ela e ao Ulquiorra. Esta ficou curiosa com o pedido, o próprio espada ficou… Deixou de pretar atenção no shinigami e voltou a sua atenção para as duas mulheres.

– Eu e o Ichigo vamos casar e queremos que vocês sejam os padrinhos de casamento!

Orihime gritou de felicidade pelos amigos. Abraçou a amiga e prontamente respondeu.

– Claro que aceitamos! É uma honra!

Ulquiorra não tinha nada contra. Bem tinha até algo sim.

– Hime… Sabes o que isso quer dizer? – Os três olharam na sua direcção, preocupados que ele fosse dizer algo ofensivo- Serei eu a ter de estar ao lado do noivo e aguentar o shinigami no altar quando estiver louco pela demora da noiva. Terei de ouvir teorias doidas como ela o abandonou no altar. Esperemos bem que isso não aconteça, não há mais ninguém que ature o Kurosaki.

As duas mulheres desataram a rir, não conseguiam controlar as lágrimas e a dor de barriga de tanto gargalhar. Já Kurosaki tinha a mão fechada pronta para ir na direcção do espada, mas este foi mais rápido e esquivou-se.

Uma luta iria começar a formar-se se não fosse o som de um telemóvel começar a apitar.Hollow. E não era só um. Parecia um exército deles!

Todos saíram dos gigais, com a exceção de Ichigo que deixou o seu corpo no sofá de Inoue.

Era um ataque! Não se sabe o porquê ou quem era o responsável. O facto de o Rei de Hueco Mundo ter sumido uns dias também contribuíra para a situação actual.

Os hollows não eram muitos fortes, mas eram muitos! Sempre que se destruía um já estavam mais dez para atacar novamente. Era impossível combate-los a todos e salvar as pessoas ao mesmo tempo.

Ulquiorra defendia uma criança que estava inconsciente. Perdeu os sentidos quando um hollow a lançou contra um poste. Felizmente, o ferimento não era profundo e ela estaria bem assim que esta praga acabasse.

Contudo, Ulquiorra estava tão preocupado em defender-se a si e à criança humana no chão, que acabou por não detectar um hollow que o ia atacar. Quando o nota ele vê-se numa situação complicada: ele ou a criança humana.

Ele tinha um hollow que o iria atacar e tinha outro que atacaria a criança. Via-se encurralado. Apesar de tudo decidiu agir em defesa do menino. Não poderia ser egoísta a tal ponto de não salvar uma criança por proteção própria. Ela era a prioridade. Mesmo sabendo que o ataque era mortal não deixou-se abater pela dúvida e o instinto de auto protecção.

Orihime não estava muito longe e acabou por presenciar toda a situação. Terror. Ela revê todo o seu passado, e a angústia crescia e crescia.

Ela estava encurralada pelos hollows, eram demasiados para se esquivar e ir ajudá-lo. Não podia ser. Outra vez não.

Ulquiorra defende um dos golpes mas aquele que fora direcionado para si não era capaz. Não ia a tempo de defender ou escapar. Fechou os olhos esperando a sua hora. Ouvia na perfeição os gritos desesperados da sua hime, o desespero na sua voz, e sentiu-se mal por ser o culpado do seu sofrimento.

Sangue escorria no seu rosto pálido. Mas não sentia nenhuma dor. Com essa dúvida na cabeça abriu os olhos e chocou-se com o que viu. Kurosaki Ichigo levou o golpe por ele!

O ruivo cuspia sangue, sentia uma dor agoniante no estômago. A sua visão começou a ficar turva mas ainda conseguiu ver o quarto espada derrotar o inimigo e os restantes hollows desaparecerem.

Caiu de rastos no chão. Respirar era cada vez mais difícil… A respiração estava a começar a falhar e sentia o seu coração a bater cada vez mais devagar.

Reparou na Rukia a chegar-se ao pé dele. Estava a chorar. Via o medo nos seus olhos. Estava feliz por ela preocupar-se com ele.

– Não te atrevas a morrer imbecil, nem no outro mundo irias arranjar paz para a tua alma!

Ele com as suas últimas forças sorriu para ela, e então tudo ficou escuro.



Capítulo 20- Adeus, Kurosaki
Mundo Real

Na loja de Urahara, todos estavam apreensivos. Estavam na sala aguardando alguma notícia. Orihime já estava à mais de uma hora a tentar salvar o shinigami. A única pessoa que estava com ela e Ichigo, era Ulquiorra. Ele estava a dar a sua reaitsu a ela para poder curar o ruivo. Era um trabalho desgastante para ambos. As suas testas estavam suadas por conta do esforço. Mas estavam a fazer de tudo para salvar o Kurosaki.

Alguns amigos foram avisados do estado crítico do fiel nakama. Tanto no Hueco Mundo como na Soul Society. Todos os espadas estavam na sala mais alguns shinigamis. Dentro deles Toushirou, Rangiku e Renji. A família Kurosaki também se encontrava lá.

Todos estavam tristes pelo amigo mas nada se comparava ao estado da família Kurosaki, que já perdera um dos seus membros e agora havia a possibilidade disso repetir-se, e da pequena Rukia.

Rukia estava inconsolável. Sentia que o chão fora retirado violentamente dos seus pés. A dor era bruscamente forte, não conseguia inclusive manter-se em pé. Perdia logo o equilíbrio.Como viveria sem ele? Quando já imaginava uma vida ao lado dele?

Os dois arrancares estavam fixos no seu trabalho. Estavam a fazer os possíveis e os impossíveis. Mas não havia meio de a ferida fechar. Quando esta finalmente fecha eles suspiraram de alívio. O seu trabalho estava cumprido. Agora tinha-se de esperar. Esta era apior parte. Tendo em conta que nem se quer é garantido essa possibilidade.

Entre olharam-se e decidiram que iriam esperar um pouco para ele abrir os olhos. Se demorasse muito, iriam relatar tudo aos amigos.

1, 2, 3… 6 horas.

Nada mudou. Ichigo continuava em repouso. Eles iriam levantar-se e dirigir-se à sala mas foi nesse momento que ouviram um gemido de dor. Olharam na sua direcção e viram o shinigami a recobrar a consciência, abrindo os olhos e tentando inutilmente adaptar-se à luz do local.

Orihime fica radiante e vai ter com ele abraçando-o, as lágrimas já desciam pelos seus olhos. O ruivo ficou um pouco confuso, mas aos poucos foi lembrando-se do que aconteceu e percebeu a sua situação. Ele quase morreu mas foi salvo pela amiga.

– Arigato Inoue, imagino que dei muito trabalho. – Ele dava um dos seus típicos sorrisos e bagunçava os cabelos da menina ruiva.

– Nada disso Kurosaki-kun, eu é que tenho de agradecer… Se não fosses tu, eu não sei o que seria do Ulquiorra… Eu estaria desesperada para o salvar e nesse estado eu não iria conseguir fazer nada por ele. Domo arigato. – Ela estava séria, não conseguia imaginar essa possibilidade. Sabia que estava a ser egoísta, mas era a realidade. Mas logo decidiu deixar esses pensamentos tristes e voltou a colocar um belo sorriso.- Aliás não fui só eu que te curei, o Ulqui-kun também foi um elemento muito importante. Sem ele não teria tido reaitsu suficiente para curar-te.

Ichigo ficou surpreso e olhou para Ulquiorra que olhava para um lado qualquer com indiferença. Sim ele salvara o espada, mas não esperava a sua ajuda. Isso fez-o perceber o quão errado tem pensado sobre os espadas, principalmente dele. Inoue tinha razão: todos merecem uma segunda chance. Independentemente do que tenham feito.

– Valeu Ulquiorra. – O shinigami não contia a sua alegria, significava isto o início de uma nova amizade?

Ulquiorra estava grato. Não demonstrava isso, mas estava. Se não fosse o ruivo, seria ele que estava no lugar dele. E não deixavam de ser inimigos mortais, não era mesmo? Pela primeira vez, pensou que o shinigami não era tão má pessoa quanto isso. Não tinha intenções de responder, mas viu o olhar pidão de Orihime para ele. Suspirou. Ela tinha um domínio sobre ele, que ele próprio não tinha consciência disso.

– Não fico em dívida para com ninguém Kurosaki Ichigo. – Com isso o quarto espada saiu da divisão e foi avisar os outros das boas novas.

Os ruivos começaram a gargalhar pelo incómodo de Ulquiorra em agradecer. Ichigo esperava por algo assim. Afinal, só Orihime conseguia puxar esses lados atenciosos dele. Mas mesmo assim compreendeu. Eles não eram mais inimigos. Amigos talvez também não. Mas quem sabe o tempo daria um jeito nisso.

Foi aí que sentiu uma mão no seu ombro esquerdo e olhou para a dona de olhos cinzentos. Tinha um olhar dócil. Não voltara a ver aquele olhar nela desde que reencarnou, pelo menos não dirigido a ele.

– Eu não tenho palavras para descrever o quão grata estou. E sei que não parece, mas o Ulqui-kun também o está. – Deu uma pequena risada ao lembrar-se do que aconteceu à pouco.- Aquilo que fixes-te hoje apagou o que fixes-te no passado. – Ichigo estava incrédulo, isso queria dizer…? – Conta com o meu perdão… E com a amizade do Ulquiorra. – Ele mesmo com as dores no seu abdómen, abraçou a nakama. Não conseguia descrever o que sentia… Estava tudo perfeito. Ele estava vivo, ele e a Rukia acertaram-se e todos os seus amigos estavam bem com ele. Parecia um sonho.

Orihime recriminou a atitude dele, mesmo tendo um ar brincalhão. Mandou-o deitar porque ainda precisava de descansar. Levantou-se e deixou que os outros pudessem falar com ele.

Ulquiorra chegou na sala e viu todos olharem para ele, esperançados. Decidiu não fazer muito suspense e disse o que todos queriam ouvir.

– Ele já acordou.

Rukia nem esperou uma só mais palavra e correu para o quarto onde ele estava. Todos os outros soltaram o ar preso nos pulmões. E sorriam. Gritavam de alegria e comemoravam a boa notícia. Orihime logo apareceu ao lado de Ulquiorra com um grande sorriso. Ela agarrou no seu braço e deitou a cabeça no seu ombro. Suspirando cansada mas muito, muito feliz.

Ulquiorra deu sinal de que iam-se embora. Já fizeram o que tinham de fazer e estavam exautos. Precisam de umas boas horas de sono, repor as forças. Despediram-se dos amigos e quando estavam a ir embora receberam uma notícia pelo Capitão Hitsugaya: que os arrancares tinham autorização do Comandante para irem à Soul Society e ajudar nos preparativos do casamento do Kurosaki e da Kuchiki. Ao início não acreditaram, mas ele logo esclareceu e disse que a pequena shinigami já tinha tratado desse assunto antes do Ichigo ser atacado. Orihime estava animadíssima, por uns momentos esqueceu o sono e ia ter com eles para lhes agradecer mas o quarto espada impediu-a. Fez que não com a cabeça e ela logo entendeu.Eles precisavam de estar sozinhos. Imaginava como a morena se sentia e ela iria precisar de um momento a sós com o ruivo. Agradeceria amanhã. E com isso foi para casa.

– Seu baka! Queres matar-me de susto! – Rukia já estava a gritar com ele à um bom tempo. Agarrava na sua mão com força, com medo de que ele escapasse. Cravava as unhas com tanta força na palma do outro, que fios de sangue já eram visíveis.

– Não te preocupes mais Rukia. – Ichigo até achava engraçado a exagerada preocupação da menina. E com isso recebeu um olhar reprovador da parte da mesma. – Já está tudo bem, não te marterizes mais.

Ela acenou concordando. Tudo estava bem. Permitiu-se finalmente acalmar. Ichigo sorriu perante isso.

– Isso mesmo. Agora para ter uma visão dos céus só falta um sorriso Rukiazinha. – Ele sorriu travesso, ela por sua vez corou instantaneamente e deu-lhe uma cotovelada onde se encontrava a ferida vendada.

Soltou um pequeno gritinho de dor e ia começar a reclamar com ela, quando sentiu ela abraça-lo pelo pescoço e enterrar o rosto no seu pescoço.

– Não me voltes a assustar assim, idiota. – Ele sorriu e retribuiu o abraço, ficando assim até adormecerem.

A festa estava ao rubro. Todos dançavam felizes. Até a Nell puxou o Grimmjow para dançar, de vez em quando ele dava-lhe uma pisava ou outra no pé, mas nada de grave. O espada estava mais vermelho que um tomate mas não deixou de dançar. Aporro estava a um canto a beber com os shinigamis. Yuzu e Isshin dançavam alegres. Todos se divertiam, ou nem todos.

O capitão de gelo encontrava-se fora da loja, observava o céu repleto de estrelas. Sentia o vento bagunçar-lhe os cabelos.

– Não é perigoso uma criança ficar sozinha aqui fora a estas horas da noite? – A menina de olhos ónix reparou na ausência do albino e encontrara-o na rua, alheio a tudo. Sempre era assim. E não iria perder uma oportunidade para o provocar, mesmo sabendo que ele já não era nenhuma criança. Ele cresceu! Já não era aquele menino do ensino fundamental. Por sorte era noite, e ele não veria a sua face ganhar um tom avermelhado.

Toushirou sabia muito bem a quem pertencia aquela voz feminina. Kurosaki Karin. Duas veias saltavam na sua testa… Como ela era ousada! Mas nem ele imagina quantas saudades teve disso.

– Sou mais velho do que pareço. Tenho idade para ser teu pai, ou avô.

–Claro Otoo-san. – Era evidente o tom sarcástico na voz dela- Mas o que fazes aqui fora Toushirou?– Não gostava de o ver sozinho, queria poder ajudá-lo a sair daquele cubo de gelo que ele próprio criou e não deixava ninguém entrar.

– É capitão Hitsugaya! E não tens nada haver com isso. Volta para a festa. – Falou ríspido. Ele havia sido muito duro mas não queria que aquilo no seu peito alastrasse mais. Temia o que isso podia significar. Ele sempre sentiu um interesse nela, desde que a conheceu. Mas não podia apaixonar-se. Se é que já não estava. Não podia permitir que isto fosse longe demais.

Karin ficou em choque. Durante uns segundos não se mexeu nem disse nada. Aquele era o Toushirou? Ele sempre fora frio, mas nunca lhe falara assim. Percebeu o recado: incómodo.Ela o estava atrapalhar e ele não a queria por perto. Sentiu seus olhos marejarem mas não permitiu que as lágrimas vencessem. Não! Ela não choraria por alguém que não merece. Desrespeitaria as lágrimas pela sua mãe. Abaixou o rosto, a face era cobrida pela sua franja. Mordia os lábios para evitar gritar com ele e dizer tudo o que sentia. Não iria dar a parte fraca.

– Gomenasai Hitygaya-san. Não voltará a suceder. Perdoe a minha presença importuna. Vou-me retirar. – A sua voz estava quebrada mas não deixou de falar cordialmente. Virou-se para ir embora. Não tinha vontade de ir para a festa por isso foi para casa. Queria tomar um longo banho e deitar-se na cama e esquecer este pesadelo chamado realidade.

Toushirou nem quis acreditar no que ouviu. Ele imediatamente olhou para a direcção de Karin mas não viu o seu rosto. Observou como ela ia para casa… os passos lentos, cabeça baixa, ombros descaídos, o próprio andar… Parecia que se arrastava. A culpa invadiu-o.Nunca pensou que isso a magoaria tanto. Mas era necessário. E vendo-a partir, sussurrou para o vento um último adeus.

Karin não olhava para onde ia. Sabia que já não faltava muito para chegar a casa, quando apareceu um hollow. Ela olhou assustada para cima. Sabia que estava longe da loja para chegar a tempo, e não tinha como lutar naquele momento. Ela correu na direcção oposta do monstro. Tinha de pelo menos tentar. Mas ele foi mais rápido. Pudera ela era uma humana comum e ele um hollow.

Ele colocou-se na sua frente e bloqueou-lhe o caminho. Ela ainda deu alguns chutes e socos mas não tinham qualquer efeito. Aí viu: ciero! Estava perdida!

O ataque lançou-a contra uma parede, quebrando a mesma. Observava como o sangue escorria ao seu lado. Não conseguia enxergar nada mais e com um último pensamento, como uma prece.

– Toushirou…

Perdeu a consciência. Não tendo tempo de ver o shinigami responsável pela segurança da cidade destruir o hollow e ir em sua direcção.

Ela quando voltou a abrir os olhos, viu a corrente presa em seu peito. Olhou para cima e viu o shinigami com a zampakutou tocando na sua testa e então uma luz branca tomou conta dos seus olhos.

Todos sabem como as notícias correm rápido. As más então são ainda mais velozes.

Toushirou caminhava sem destino, pensando na “discussão” que tivera com a Kurosaki. Quando ouviu ambulâncias e muitas pessoas a rodearem um ponto fixo. Estreitos os olhos, e a curiosidade venceu-o indo inspecionar o ocorrido.

Teve alguma dificuldade em passar pelas pessoas, e quase suspirou de alivio quando conseguiu, se não tivesse visto o que tinha.

Os seus olhos marejaram e gritou. Gritou como nunca na sua vida. Não podia ser! As mãos estavam no seu cabelo. Ele ajoelhou-se no chão, não aguentado o próprio peso do corpo. Contudo, sem nunca desviar os olhos dela. Karin estava estendida no chão, repleta de sangue, com uma grande ferida na cabeça. A parede atrás dela estava destroçada. Os olhos semi abertos dela, sem brilho, sem vida. Estavam a matá-lo por dentro. Os seus lábios sempre num tom avermelhado, perderam a cor. Estavam pálidos e entre abertos tendo alguns fios de sangue a escorrem pela sua boca.

Ele levantou-se e cambalenado foi até ela. Ajoelhou-se ao pé do seu corpo e com as duas mãos ergueu o rosto da menina. Abanava como tentando despertá-la. Mas era inútil e ele sabia disso. Ela estava morta! E não sentia a sua reaitsu o que significava que ela ou foi devorada por um hollow ou foi mandada para a Soul Society.

Se ela foi devorada nunca mais Kurosaki Karin existiria. É como se desaparecesse do mapa. Mas ele não acreditou muito nessa hipótese, também não sentia nenhuma reaistu maligna ao pé dele, ou seja o hollow foi derrotado por um shinigami. Mas por quem? Se todos estavam na festa? Mesmo que ela tenha ido para a Soul Society a probalidade de encontra-la era mínima. Com as memórias da vida passada então eram escassas.

Começou a soluçar e não tentou conter mais as lágrimas. Porque brigara com ela? Porque não a acompanhou a casa? Porquê, porquê? O seu corpo tremia. Ele tinha a visão embaceada pelas lágrimas.

Ele perdera a única mulher que amou! A única! Pois Hinamori Momo não passou de uma paixão, algo temporário. Ela era uma irmã para ele. Nada mais. Por conta do orgulho deixou escapar pelas suas próprias mãos a única que o compreendia, que não o julgava… Que estava sempre lá para o apoiar.

Ele era confrontado com as suas memórias e a dura realidade. Lembrava-se do seu cálido sorriso, dos seus olhos brilhantes, da sua face corada… Mas depois via-a branca como a cal, olhos tão escuros que pareciam um buraco negro, e o sorriso simplesmente não existia mais!

Abraçava o corpo sem vida. As suas lágrimas caiam na face dela contornando a bochecha da mesma. Ele nunca fora de chorar. Na realidade, nem se lembrava da última vez que o tinha feito. Mas isso não importava mais. Não importava mais se o olhavam naquele estado ou quem o via. Só queria saber daquela que estava nos seus braços inerte.

A temperatura do local diminuiu drasticamente. As pessoas afastaram-se por conta do frio que tomou o lugar de repente. Vento sacudia as suas roupas, gelo formulava-se no chão e em todos os objectos próximos. A sua reaitsu aumentava progressivamente. Ele não estava a conseguir controlar-se.

A dor de saber que a perdeu, que era inevitável. Não havia mais nada a fazer. O facto de saber que a perdera para sempre. Ele pegou nela ao colo, e caminhou com o seu corpo até um lugar familiar. Onde enterrara a vovó Haru. Ele fez o mesmo ritual para ela.

Foi a casa dos Kurosaki’s e pegou numa foto da morena e colocou-a no seu sepulcro. Tocava na foto delicadamente. Contornava o seu sorriso, pensava em como poderiam estar agora os dois se não fosse a sua besteira. Se ele tivesse lixado-se para as regras e tivesse obedecido ao coração, agora estaria com ela.

Ele não iria desistir. Iria procura-la por todos os cantos e labirintos do outro mundo até a achar… E se ela não se lembrasse dele, sentia o seu peito contrair só de pensar nessa hipótese, iria fazer que ela voltasse apaixonar por ele. E desta vez nada os iria separar. Olhou uma última vez para a foto dela e então caminhou de volta, mas desta vez ele tinha um destino.Sabia para onde caminharia. Para os braços de uma menina sorridente, dona de seus pensamentos.

“Ame o que você tem, antes que a vida lhe ensine a amar o que você tinha.”

Autor Desconhecido


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