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 The Hell Verse

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Rukia-nee-san
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Rukia-nee-san


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MensagemAssunto: The Hell Verse   The Hell Verse Icon_minitimeDom 14 Set 2014 - 0:33

Capítulo 12 - O Pecador que Amou

“Mas também é possível entregar o coração nas trevas por aqueles que amam.”



Abstraindo os romances literários como o de Romeu e Julieta, ou desconsiderando as lendas mitológicas de Tristão e Isolda, narrarei a triste história de Kokuto e Amaya.



Uma criança albina, entre os seus cinco anos de idade, corria desajeitada pelas ruas, tropeçando por vezes em fissuras no solo rochoso. Sua casa tinha sido invadida por um grupo de homens, a sua mãe o escondera enquanto ela e seu pai a quadrilha. Porém, o casal não fora o suficiente para impedir a desgraça que inundaria o futuro.

A última coisa que o rapaz albino ouviu foi a sua mãe o mandar correr e nunca olhar para trás, independentemente do que acontecesse. Prontamente ele obedeceu, fugindo ante o pranto de sua mãe e sob os gritos agoniantes de seu pai.

Novamente ele tropeçou, caindo no piso húmido pela chuva. Suas pernas manchadas pelo sangue eram lavadas pelas gotas de água. A criança permaneceu inerte no chão, soluçando compulsoriamente, enfrentando a dura realidade. Estava sozinho, o pior pesadelo para qualquer criança. Quem agora o ampararia nas noites de insónia, quem o orientaria e ensinaria naquela vida cruel? Ele não tinha ninguém. Não tinha alguém sequer para chamar por seu nome. Não havia uma única pessoa para reconhecer a sua identidade.

As pessoas movimentavam-se, atravessando pelo corpo da criança inerte ignorando-a. Não a socorriam, nem um simples olhar ofereciam. Como se fosse invisível, como se de facto não estivesse ninguém estendido no chão. E perante a tormenta ruidosa, o rapaz compreendeu: Ele não era ninguém.

Desde esse dia, o rapaz passou a vaguear pelas ruas. Por vezes, havia alguém que tentava conversar com ele ou oferecer comida porém ele nem se dignava a olhar para esse alguém. Assim como no passado, não lhe olharam quando ele mais precisou. O silêncio dele fez com que a aldeia passasse a chamá-lo de “o rapaz sem nome”.

Aprendeu a viver em que a prioridade eram as suas próprias necessidades e satisfações, dentro delas a mais importante: a alimentação. Começou a furtar alimentos para saciar o seu estômago barulhento, contudo nunca machucava um inocente. Sempre roubava pela calada da noite, em poucas parcelas de comida, para não prejudicar gravemente o negócio dos aldeões.

Mas isso não significava que o rapaz fizesse isso por preocupação a eles, nada disso. Ele procedia assim para honrar a memória de seus pais, os ensinamentos que eles lhe atribuíram no pouco tempo que tiveram… Era a forma de ele próprio não se esquecer de quem era.

Com o anoitecer, findava outro dia monótono para o rapaz sem nome. As nuvens cinzentas possuíam o céu azul, declarando o início de uma tempestade. Ele caminhou de encontro a um beco, surpreendendo-se ao deparar-se com uma garota agachada no chão, abraçando o seu próprio corpo, num consolo mudo.

A jovem deveria ter a mesma idade dele, mesmo sendo levemente mais baixa que ele. Os seus cabelos longos acastanhados estavam bagunçados e sedosos, revelando a falta de cuidado que tinham. O corpo da jovem correspondia aos maus tratos do cabelo, machucado e pálido, provavelmente não comia há dias. Ela sentiu que estava a ser observada, percebendo a sua presença. Ao erguer a cabeça, encarou o rosto feminino avermelhado pelo inchaço mas o que mais o surpreendeu foram seus olhos brilhantes… O rapaz tinha a certeza que aquele brilho não derivava só das lágrimas, era natural. Seus intensos olhos verdes assemelhavam-se a duas esmeraldas.

Ela não disse nada, simplesmente foi na sua direcção o abraçando, aconchegando-se em seu peito e chorar o que ainda as suas forças permitiam. Ele não soube explicar o que sentiu, nem o porquê de não repudiar o calor humano. Não correspondeu, não a consolou, só permitiu.

- Eii, garota… Deixa de chorar. Isso é irritante.

- Desculpa… É só que, que…

- Regressa para a tua casa. Isto não é lugar para alguém como tu.

- Eu não posso…

- Porque não?

- Eu não sei onde moro, eu não me lembro de nada.

- Compreendo.

O rapaz sentiu um aperto no peito, por algum motivo sentia dificuldade em respirar, à medida que sua visão embaciava. A história dela… Era semelhante à dele, ele próprio não se reconhecia, cada dia que passava era mais difícil se recordar do passado. Pela primeira vez em tempos sentiu novamente a comichão nas suas pálpebras, a secura em sua garganta. Queria chorar mas não por o seu sofrimento e sim pelo dela, porém não o fez. Uma coisa que aprendeu por experiência própria foi não demonstrar fraqueza perante as pessoas.

- E tu? Não vais para casa?

- As ruas são a minha casa.

- Isso é triste…

- Com o tempo habituas-te.

- Não, não me refiro a isso… É triste não ter ninguém para voltar.

Ele arregalou os olhos pela resposta dela. Era lógico que se uma criança estava na rua e não estava perdida significava que por algum motivo roubaram seus pais dessa mesma criança.

- A nossa casa é onde se encontram as pessoas que amamos. Esse é o lar para onde voltamos.

- Não digas disparates, garota.

- Como te chamas?

- … Kokuto.

- Hai! Koku-kun podemos ser a casa um do outro? Prometemos voltar sempre um para o outro?

Kokuto parecia atordoado, sua memória não gravou a última vez que alguém lhe perguntou por seu nome, e por algum motivo ele se emocionou com esse gesto. Como se ele finalmente pudesse a voltar a ser a mesma pessoa de antes.

A morena estendia seu dedo mindinho para selarem a promessa, Kokuto por um momento hesitou mas o sorriso que ela lhe ofereceu, deu-lhe a confiança de que necessitava.

- Sim…

- Promessa de dedo mindinho?

- Promessa de dedo mindinho.

Ao cruzarem os dedos, Kokuto permitiu-se sorrir, um sorriso verdadeiro. O primeiro desde o trágico dia, o sorriso que apenas ela poderia ver desenhado em sua face. Aquela promessa não uniu apenas duas mãos mas unificou dois destinos. Não poderiam supor, que as mãos que eram purificadas pela chuva estariam, um dia, manchadas por sangue.

- Como te chamas, garota?

- Eu… Não tenho nome.

- Não te lembras também, não é?

Ela acenou pesarosa a cabeça. Fazendo com que Kokuto tivesse uma ideia.

- Amaya.

- O quê?

- Esse será o teu nome a partir de agora… Amaya significa noite chuvosa como esta em que nos conhecemos.

- Obrigada Koku-kun!

As pérolas verdes cintilavam de felicidade, enquanto Amaya abraçava com mais força Kokuto que por fim decidiu corresponder ao abraço. Nenhum deles reparou que a chuva tinha cessado, e que eram banhados calorosamente com o amanhecer. O importante é que os dois agora encontraram alguém.





Os anos passaram, juntamente com as estações mas eles estavam sempre juntos, cumprindo a promessa que fizeram em crianças.

Apesar de ambos terem encontrado a felicidade, isso estava longe de ser o fim dos problemas deles. Kokuto era insensível e impiedoso, e só Amaya conhecia um lado diferente nele, ela era a causa dessa transformação.

Eles conseguiram criar uma cabana longe da aldeia, afastando-se das recordações melancólicas. Cada dia era uma batalha para resistirem, nem sempre arranjavam recursos para sobreviverem e por isso Kokuto assaltava lojas, aumentando gradualmente as quantidades sempre que o fazia para nunca faltar com nada à morena. Nunca permitiu que Amaya o ajudasse, não a queria perverter como ele. Queria que ela resguardasse sua pureza, sua inocência. Que não caísse nas trevas que ele tinha sido obrigado a cair.

- Tadaima…

- Koku-kun, bem-vindo a casa.

- Pará de me chamar assim Amaya, já não somos crianças.

Amaya gargalhava apreciando o seu enfado. Kokuto admirou o riso da mulher que acompanhou sua jornada. Tinha poucas lembranças da sua infância, mas tudo o que a incluía, estava gravado em sua mente nitidamente. Uma das lembranças mais vívidas foi quando ela cortou seus longos cabelos até os ombros. Ao início ele assustou-se com a sua atitude mas relaxou ao vê-la sorrir reconfortante, e sem perceber ele riu ao lembrar das palavras dela.

“Uma nova vida requer mudanças.”

Não soube dizer quando se apaixonou, nem o motivo que o levou a decidir o que iria fazer. Aproximou-se dela sem dizer nada, levando uma mão para a nuca dela, enterrando seus dedos nas raízes do cabelo castanho. A outra mão passeava pelo seu ombro agarrando firmemente, a balançando, trazendo-a de encontro ao seu corpo. A mão dele prosseguiu a descida pelos braços trémulos de Amaya, encontrando o seu pulso e colocando o braço dela ao redor do seu pescoço.

Amaya estava incrédula com as acções de Kokuto, em anos de convivência ele nunca deu sinais de estar apaixonado, ela satisfazia-se com o pensamento de ser uma pequena irmã para ele. Nunca esperou que os seus sentimentos pudessem ser correspondidos. Seus dedos apertaram os cabelos brancos dele, o trazendo mais pra perto. Retribuindo quando ele selou seus lábios nos dela.

Ele estava em todo lugar. A penetrante luz do sol adentrou pelas janelas, ajustando a cor do local, que combinava com o calor. O calor que estava em cada canto. Ela não podia ver ou ouvir ou sentir outra coisa que não fosse Kokuto.

O albino segurava o queixo dela, exercendo força a mais, a magoando ligeiramente. Dor. Amaya abriu os olhos de supetão, recordando algo que estava guardado nas profundezas de sua alma.

A morena começou a se opor, mas era tarde demais. Os lábios dele apertavam os seus, travando momentaneamente o protesto dela. A resistência dela fez com que Kokuto a beijava-se raivosamente, e com que a mão apertava a nuca dela com força, tornando impossível qualquer tentativa de escapatória.

Amaya empurrou o peito dele com toda a sua força, mas ele nem pareceu reparar. A boca dele era macia, apesar da frustração, os lábios dele se moldavam aos dela de uma forma cálida, desconhecida.

Ela agarrou o rosto dele, tentando afastá-lo, falhando novamente. Dessa vez, no entanto, ele pareceu notar as intenções dela e isso o deixou irritado. Os lábios dele forçaram os da morena a se abrir, fazendo com que ela pudesse sentir a respiração quente dele na sua boca. Agindo por instinto, Amaya deixou as suas mãos caírem para os lados, e ficou imóvel. Ela abriu os olhos verdes e não lutou, não sentiu... Só esperou que Kokuto parasse.

Funcionou. A raiva pareceu evaporar, e ele se distanciou para encará-la. Ele pressionou os lábios nela levemente novamente. Porém a morena não mexia um músculo nem para corresponder, nem para se opor. Ele desistiu, soltando o seu rosto e apartou-se.

- Eu, eu… Isto é errado, Kokuto.

Kokuto não soube dizer o que mais lhe machucou, se foi a sua frase ou o facto de ela não o ter tratado como sempre, “Koku-kun”. Estava confuso, ela correspondeu no início porque se afastou depois? Porque repudiou o seu toque? Ele sentiu que ela o amava, então porquê?

- Porquê..? O que tem de errado duas pessoas se amarem Amaya? É por eu ser um bandido? Eu sei que roubo, que não passo de um vagabundo sem rumo… Eu sei, eu sei disso... Que tu mereces algo melhor. Mas eu te amo, droga! Por favor, deixa-me provar isso, que podemos ficar juntos, eu posso mudar, eu…

- Eu não te amo Kokuto. Esse é o problema.

- O quê?

O albino quase perdeu o equilíbrio com tal revelação. Ele sempre pensou… Ele interpretou mal? O olhar esmeralda dela sempre lhe transmitia isso, até sua voz quando ela falava com ele. Mas ele enganara-se. Ele não podia afrontar seus olhos, estes estavam cobertos pela sombra das madeixas negras de sua franja. Ela deveria estar com nojo dele, ele não era nem digno de ser amado. Ninguém o amava, ele estava sozinho. Outra vez.

- Eu vou embora.

- O quê? O que dizes!? Tu não tens para onde ir Koku-kun!

- Já disse para parares de me chamar isso, garota!

As palavras dele foram como uma agressão física para Amaya. Ele nunca tinha falado assim com ela, nem quando se conheceram. Ele nunca mais a tinha tratado por “garota”, foi um hábito que perdeu depois de lhe ter escolhido um nome. A morena uniu as mãos junto ao seu peito, chorando numa prece silenciosa.

- Eu nunca tive para onde ir.

- Isso não é verdade! Tu tens a mim! Tu…

- “A nossa casa é onde se encontram as pessoas que amamos. Esse é o lar para onde voltamos.” Não foi isso que me disseste naquela noite Amaya?

- Sim…

- Eu aprendi que essa não é a nossa casa. Nós não voltamos para aqueles que amamos, mas para aqueles que nos amam de volta. Esses são a nossa casa, e eu não sei o que é isso.

- Koku…

- Eu vou sumir, não te quero prejudicar. Não quero que pagues pelos meus erros.

- Por favor, não me deixes sozinha, Koku-kun. Eu… eu te am…

Ela foi interrompida por um dedo em seus lábios, ficando admirada por ver ele a sorrir tristemente. Kokuto retirou sua mão dos lábios carnudos e abraçou a sua amiga de infância.

- Não digas algo que não sentes por minha causa. Alguém merece essas tuas palavras, os teus sorrisos contagiantes, a tua companhia mas esse não sou eu. Tu nunca foste talhada para esta vida, mereces algo mais… E tu um dia terás essa vida mas ao meu lado, Amaya, tu não vais ter isso.

Ele olhou-a profundamente uma última vez enquanto enxugava as lágrimas que caminhavam pelo rosto da morena, ele encostou suas testas, sussurrando a última parte.

- Não te condenes com um vagabundo.

Ela agarrava na sua camisa, como se isso fosse impedir de ele ir embora. Amaya sabia que se ele partisse, seria um adeus definitivo, que nunca mais se veriam. Ele deu um soco no estômago dela, fazendo-a desmaiar e deitou-a confortavelmente. Não seria capaz de sair com ela naquele estado, era como vivenciar o momento da morte de seus pais. Ele fugiu com sua mãe a chorar e a implorar aos ladrões os deixassem em paz. Kokuto agarrou num saco com alguns alimentos, apoiando-o em cima do ombro esquerdo e saiu da cabana que construiu com a ajuda da morena, olhando para tudo numa despedida, ele pronunciou-se baixinho.

- Perdoa-me Amaya... É para teu bem.





A morena acordou e entrou em pânico ao ver um grupo de homens a encararem. Amaya os conhecia, são os mercenários que foram contratados para matarem Kokuto. Ela vinha a ser perseguida algum tempo atrás, até que um dia eles a prenderam e obrigaram-na a trair Kokuto para que pudessem cumprir a sede de vingança do seu senhor e que fossem pagos. Ela fingiu que aceitará o acordo deles, dando-lhes informações falsas… Mas para isso ela teve que se afastar mais de Kokuto, passar menos tempo com ele e mesmo contra a sua vontade, reprimir os seus sentimentos e afastar qualquer ralação a mais entre eles. Era a única forma de ele não desconfiar. Ela sabia se contasse-lhe a verdade, que o albino os mataria, e ela não queria que ele se convertesse num assassino por culpa dela. Não podia permitir isso. Ela assustou-se quando eles olharam para ela maliciosamente.

- Olha se não é a nossa Amaya-chan… Parece que estás sozinha…

- Sabemos que nos tens enganado querida, nunca te ensinaram que é feio mentir?

- Vais ter de nos recompensar.





Kokuto caminhava com uma capa que ocultava seu rosto. Estava um dia arrepiantemente gelado, a penugem branca já decorava toda a aldeia naquela sombria tarde de Inverno. Ele entrou num bar, tomando algo para aquecer seu gelado corpo. Ao seu lado uns homens comentavam as novidades, risonhos.

- Já sabes? Sobre a mulher da cabana?

- Oh sim, pelo que sei ela ofereceu alguma resistência. Tudo para proteger o seu amigo… Desde de crianças que esses dois eram unidos. Ele roubava, e ela o encobertava. Acho que o nome dela era Ama—

Kokuto levantou-se rapidamente, erguendo os dois homens no ar, enquanto seus olhos os fulminava.

- O que aconteceu com a mulher?

- Por favor não nos magoe! Nós só soubemos hoje que ela foi torturada por um bando, eles já a perseguiam algum tempo para se vingarem do outro…

O albino largou os homens no bar e saiu correndo em direcção da sua casa. Enquanto se apressava, Kokuto se recriminava mentalmente por não ter percebido antes. Ele sempre fora um ladrão, todos o culpavam da morte de seus pais, o censuravam…

Ele sabia que por vezes tinha uns inimigos que o queriam ver morto, porém nunca cogitou que alguém pudesse usar Amaya para esses planos horrendos. Agora compreendia o motivo de ela estar distante alguns dias, o motivo para ele chegar a casa e ela estar ausente. As insónias constantes dela em que ele tinha de a aninhar em seus braços, e principalmente, entendeu o motivo de ela ter rejeitado o beijo. Era medo, medo que fossem descobertos e que lhe pudessem fazer mal.

Seu peito inflamava enquanto sentia seus olhos arderem. Receava o que pudessem ter feito à morena para isso virar notícia de bar. Ele temia o que poderia fazer com aqueles que ousaram colocar as mãos imundas nela, nunca perdoaria quem tivesse feito tal atrocidade.

Quando por fim avistou a casa, ele avaliou o local e tudo parecia calmo. Arrombou a porta com o pé, e não evitou que uma lágrima solitária escapasse pelo canto de seu olho direito, contornando sua face até alcançar o queixo. O cheiro a álcool estava impregnado no ar, enjoando Kokuto por breves segundos mas o que mais lhe aterrou foi o corpo nu estendido, esquecido pelo chão. Era como rever-se no dia em que escapara dos bandidos que assassinaram seus pais.

Se não fosse pelo sangue negro que ornava o ambiente, ele apostaria que tudo não passara de uma festa em que tinham exagerado no consumo da bebida. Algumas garrafas partidas rodeavam o corpo feminino que ele reconheceu de imediato.

O albino perdeu a compostura, suas pernas fraquejaram não suportando o peso do corpo. Kokuto caiu no chão, e rastejando foi até ela, chamando-a. Viu a cabeça dela rodar em sua direcção e novamente ele assombrou-se com o que viu. O rosto de Amaya tinha diversos cortes profundos pelo rosto, seus olhos antes brilhantes estavam opacos. Ele sabia que ela não o conseguia ver, como se a falta de sangue tivesse-a tornado cega. Ela com extrema dificuldade seguia o seu chamado, forçando um sorriso para ele, sabendo que ele estava ao lado dela.

- O que te fizeram Amaya…?

- Bem-vindo a casa Koku-kun. Eu saberia que voltarias, tu prometeste que sempre regressarias a casa.

- Perdoa-me, eu nunca devia ter deixado sozinha.

- Eu nunca estive sozinha, sempre estives-te comigo.

- Se eu estivesse contigo, isto não teria acontecido!

- A escolha foi minha… Eu não queria que eles chegassem a ti e por isso escondi a verdade de ti. Eu não queria que me usassem para chegar a ti… Porque a verdade é que te amo, e sempre te amei desde aquela noite.

- Tu pregaste-me um bom susto Amaya. Não devias brincar com essas coisas, queres que eu tenha um desgosto por acaso?

Eles conversavam como se ela não estivesse a morrer. Ambos sabiam que isso era inevitável, e por isso conversavam gozando seus últimos momentos juntos. Kokuto continuava agachado no chão sem se conseguir aproximar dela, não tinha forças. Novamente não protegeu quem mais amava. Viu ela estender o seu braço no ar tentando-o alcançar, mesmo não sabendo ao certo onde ele estava.

- Obrigada por tudo Koku-kun. Prometes que nunca me esquecerás?

- És demasiado teimosa para permitires que algo assim acontecesse… Tu sabes bem que te amo, e nem a morte muda isso.

Kokuto estendeu a sua mão para corresponder ao agarro dela. Quando seus dedos estavam prestes a roçar, Amaya suspirou deixando a mão cair sem chegar a alcançar a mão dele.

Os pingos de chuva começaram a bater furiosamente contra a janela de vidro… Nessa noite, não morrera somente a morena mas o lado atencioso que Amaya conseguiu despertar no albino. Kokuto tinha os olhos esbugalhados ao encarar o mar verde sem vida.

Vingança. Determinado, o albino ergueu-se, retirando sua capa e cobrindo o corpo desnudo, aproximou também a sua mão no rosto dela, fechando os olhos da amada. Kokuto incendiou a casa com Amaya lá dentro, como se fosse um enterro.



O ladrão transfigurou-se num assassino. Kokuto conseguiu descobrir e capturar todos os responsáveis, sem exceção, pela morte de Amaya, os mantendo em cativeiro e torturando-os até que acabassem por não resistir e padecerem.

O albino desrespeitou o significado da vida, passando a matar as pessoas que roubava, por puro divertimento. Consolando-se com a agonia daquelas que eliminava. E com o decorrer do tempo, ele não percebeu mas quebrara sua promessa. Ele não se lembrava mais da mulher morena, uma vez que trancara as lembranças deles para não sucumbir.

Tornara-se num homem insano e sedento de sangue. Este era o verdadeiro Kokuto, o carniceiro que fora apaziguado pela jovem morena mas que ao falecer, ele libertou-se.

Quando Kokuto pereceu, este tornou-se num pecador, condenado pelos inúmeros crimes que cometeu. Por se ter tornado na mesma espécie daqueles que mataram seus pais e sua amada, por ter feito sofrer outras pessoas assim como lhe fizeram sofrer a ele quando era criança.

E principalmente, por ter quebrado sua promessa.
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Lidi_Nalu
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MensagemAssunto: Re: The Hell Verse   The Hell Verse Icon_minitimeDom 14 Set 2014 - 1:39

Uaaauuuu..... Fiquei chorosa! T-T
Muito triste.
Mas adorei.. ^^
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